quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dos salões de beleza aos estádios de futebol

- por Marjorie França
    
    Camisas suadas, palavrões, aglomeração de pessoas, fanatismo, 22 homens correndo atrás de uma bola, berros de deixar qualquer um louco. São noventa minutos de jogo e todo um universo que antes era detestado pelas mulheres, agora está se tornando cada vez mais aceito entre elas.

    O mundo do futebol foi, por muito tempo, direcionado para o público masculino e machista. A ideia de que esse esporte era feito só para eles em sendo quebrada não só pela vontade feminina de se inserir nesse meio, como também pela mídia, que incentiva cada vez mais a ida de torcedoras aos estádios.
    Por trás dessa paixão repentina pelo time do coração, as grandes indústrias esportivas estão investindo em produtos e peças para suprir os desejos desse novo público e atrair ainda mais atenção. São camisas personalizadas, bichinhos de pelúcia vestidos com o uniforme do time, bolsas, cangas, saídas de praia, entre outras coisas.
    Além disso, há também um forte investimento na prática esportiva, um exemplo é a Marta, jogadora profissional, melhor do mundo cinco vezes – quebrando o recorde entre homens e mulheres na categoria – e brasileira. Graças a ela, muitas outras meninas espalhadas pelo Brasil estão procurando entrar em times de futebol feminino e estão ganhando seu espaço mais facilmente do que ha décadas atras.


     Outro fato que mostra a quebra do preconceito e do machismo nesse esporte é um dos maiores clubes do país ter em sua gestão uma presidente – e torcedora -, que é o caso da Patrícia Amorim no Flamengo. Muitos dos homens já aceitam de boa vontade a entrada desse lado mais delicado da torcida, e outros vão além e arriscam a dizer que o próximo passo delas é chegar ao cargo de técnica de equipe masculina.
    As próprias mulheres de hoje estão se mostrando com mais vontade de aprender, entender e viver o futebol, seja ele dentro ou fora de campo. Já é normal ver mulheres reunidas num barzinho mais arrumado, usando as camisas dos times de coração e torcendo, mesmo que só gritando "faz gol! faz gol!" Outra coisa que vem mudando é a influência que os pais e namorados fazem sobre elas para serem determinados times. Agora que estão pegando o gosto pelo esporte, as torcedoras já vão formando suas próprias opniões e escolhem o time por vontade própria. 

    É claro que ainda tem aquelas que só dizem gostar de futebol para aparecer para os homens, só torcem para um time porque o pai quer, ou porque o namorado acha legal... Até mesmo aquelas que torcem apenas para os jogadores populares e considerados bonitinhos. Não é a toa que vemos hoje várias flamenguistas que só conhecem o Thiago Neves, tricolores que só conhecem o Conca, botafoguenses que só gostam do Jefferson, vascaínas que só falam do Bernardo, Santistas por culpa do Neymar e assim uma infinidade de mulheres. Afinal, tinha que ter algum atrativo para as que não gostam nem um pouquinho do jogo.
     
    Seja qual tipo de torcedora cada mulher é, o que importa é que o preconceito está sendo quebrado nessa área e as torcidas estão ficando mais bonitas. E não tinha como ser diferente! Num país onde o povo vive o futebol, as mulheres não poderiam continuar fora de campo.

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